15 de jan. de 2011

Banho de tinta no morro

Favela em Botafogo será a primeira a ter todos os seus casebres pintados


 


Casas coloridas no Dona Marta: o projeto se estenderá a todos os imóveis



 
Encarapitadas no meio do Morro Dona Marta, 32 casas coloridas chamam a atenção de quem passa pela Rua São Clemente. Os imóveis foram pintados em um programa de revitalização que se seguiu à instalação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora e pareciam meio perdidos entre as construções feiosas que os cercam. Até o próximo ano, não parecerão mais. Símbolo da retomada de áreas dominadas pelo tráfico, a favela de Botafogo será também a primeira da cidade a ter seus 1 500 prédios e residências completamente pintados por fora. A ideia é ambiciosa — e a execução promete ser ainda mais. O projeto será escolhido em um concurso internacional aberto a designers, arquitetos e estudantes do mundo todo. Uma comissão formada por urbanistas, membros do governo e cariocas ilustres se incumbirá da tarefa de decidir o melhor concorrente. Cerca de 800 voluntários serão recrutados para começar o trabalho a partir de outubro. A obra deve ficar pronta seis meses, 300 000 litros de tinta e 2 milhões de reais depois. “Acreditamos que as cores ajudarão a trazer dignidade para a população dali”, diz Carlos Piazza, diretor de comunicação da empresa holandesa AkzoNobel, fabricante de tintas que patrocina o projeto.


Desde que ganhou sua UPP, em dezembro de 2008, o Dona Marta tornou-se uma espécie de vitrine dos programas voltados a áreas retomadas do tráfico. No morro já não há ligações elétricas irregulares — antes eram mais de 90% do total. Os 6 000 moradores agora vivem em endereços com CEP, o que lhes permite comprovar residência para conseguir créditos bancários e outras facilidades de consumo, com entrega domiciliar. Essa nova realidade só encontra exemplos semelhantes no exterior. Na cidade equatoriana de Guayaquil, a favela de Cerro Santa Ana passou por um processo de drástica transformação e hoje concentra bares e restaurantes típicos. O empreendedorismo se multiplicou entre os moradores, que passaram a abrir pequenos negócios. Em Bogotá e Medellín, na Colômbia, os bandidos foram expulsos e o governo conquistou o território com a implantação de bibliotecas. Nos dois países, as favelas receberam um banho de tinta que completou a transformação. Qualquer semelhança não é mera coincidência.




Caio Barreto Briso

Revista Veja Rio 12/01/2011

2 comentários:

  1. Parabéns Pelo Blog muito legal

    Estou te seguindo ;D

    me segue e comenta o meu?

    http://conectionrw.blogspot.com/

    Abraços

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  2. Já estou seguindo e comentei ja´...


    =D

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