13 de jan. de 2011

Haiti recupera seis espécies de sapos

Uma expedição das ONGs Conservação Internacional e IUCN redescobriu seis espécies de sapos do Haiti que não eram vistas há mais de duas décadas. Sua preservação também é uma esperança para a recuperação do país, devastado há um ano por terremoto





Um dos principais prejuízos da devastação ambiental é a perda de espécies de plantas e animais, tão importantes para a preservação da biodiversidade – e da vida – do planeta. Algumas expedições, no entanto, tentam recuperar espécies que começam a ser consideradas extintas. É o caso do projeto Em busca de sapos perdidos*, da ONG CI - Conservação Internacional*, que desde agosto passado busca por anfíbios que não são vistos há uma década ou mais em 19 países dos cinco continentes. Um dos resultados mais significativos até então vem do Haiti, país que foi muito devastado pelo terremoto que sofreu há um ano e no qual 92% das espécies de anfíbios estão ameaçadas de sumir - a taxa é maior do que a mundial, de 30%. Depois oito dias nas florestas de montanhas ao sul do país, em outubro passado, cientistas da CI e do Grupo Especialista em Anfíbios da IUCN - União para a Conservação da Natureza* encontraram 23 espécies nativas, sendo que seis delas não eram vistas há vinte anos.

O objetivo inicial da expedição liderada pelo especialista em anfíbios da CI, Robin Moore, que trabalhou em parceria com o professor Blair Hedges, da Universidade do Estado da Pensilvânia, era procurar a espécie E. glanduliferoides, conhecida como sapo La Selle Grass, que não é visto há mais de 25 anos. Apesar de ela não ter sido encontrada, depois de esquadrinhar árvores, leitos de rios e o solo, os pesquisadores acharam seis espécies que estão na lista de ameaçadas, na categoria “criticamente em perigo”. Os nomes populares dos sapos são:

- terrestre ventríloquo;

- Mozart;

- terrestre La Hotte;

- Macaya do peito pintado;

- terrestre coroado e

- escavador Macaya.
Além das seis espécies redescobertas, os pesquisadores analisaram outras 48 espécies de anfíbios nativas do Haiti. “Foi inacreditável”, declara Robin Moore, da CI. “Estávamos procurando uma espécie perdida e acabamos encontrando um verdadeiro tesouro de outras espécies. Isso representa uma boa dose de esperança para as pessoas e a vida silvestre do Haiti”. Ele desmistifica a ideia de que não resta mais nada para salvar o país completamente devastado pelo terremoto do ano passado. “Ainda existem bolsões de riqueza biológica intactos, apesar da tremenda pressão que os ecossistemas sofrem. O Haiti tem agora a oportunidade de projetar sua reconstrução com base na conservação desses bolsões e permitir que eles aumentem, para que possam servir de proteção contra desastres naturais e as mudanças climáticas.”
As florestas das montanhas do sudoeste e sudeste do país são o habitat natural da maioria das espécies nativas e os poucos remanescentes do ambiente natural do Haiti. O desmatamento deixou intacta apenas 2% da cobertura original do país. O Maciço de la Hotte, que é uma dessas montanhas, foi apontado pela Aliança para a Extinção Zero, que alia ONGs, comunidades, governo e setor privado, como o terceiro sítio prioritário para a conservação no mundo. Cerca de 15 espécies de anfíbios são endêmicas da região, ou seja, só são encontrados nessas montanhas.
Diante do risco de sumirem por causa do ritmo acelerado de desmatamento, o professor Hedges alerta para a preservação dessas espécies. "A biodiversidade do Haiti, incluindo os anfíbios e sapos, está sofrendo uma extinção em massa por causa do desmatamento que vem ocorrendo nos ecossistemas do país. A menos que a comunidade global se una para encontrar uma solução, logo teremos perdido inúmeras espécies únicas, que só existem ali”, afirma Hedges.
Moore ressalta a importância da relação entre a preservação dos sapos com a recuperação do país como um todo: “Claro que o bem-estar dos sapos não é uma prioridade por aqui. No entanto, os ecossistemas que esses sapos habitam, e sua capacidade de dar suporte à vida, oferecendo serviços ambientais como água potável, entre tantos outros, é fundamental para o bem-estar da população haitiana no longo prazo. As pessoas do Haiti dependem de suas florestas preservadas para garantir sua segurança alimentar e acesso à água de qualidade. Os anfíbios são o que chamamos de espécies barômetros da saúde do ecossistema. Se eles desaparecem, com eles também somem os recursos naturais dos quais o homem depende para sobreviver”. Enfim, o manejo sustentável desses recursos pode trazer benefícios para a própria população.

Em outros países, o programa Em busca dos sapos perdidos também fez redescobertas importantes nos últimos seis meses, como as de:

- uma salamandra mexicana que não era vista desde 1941;

- um sapo na Costa do Marfim não observado desde 1967 e

- outro sapo da República Democrática do Congo desaparecido desde 1979
 
 
*Em busca dos sapos perdidos


*Conservação Internacional

*IUCN



Fonte:Planeta Sustentável

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nada de palavrões,insultos e qualquer outra coisa que você não falaria para sua mãe.

Contato