25 de nov. de 2013

Agência de modelo para pessoas com deficiência

Jussara Soares 
Veja SP - 04/09/2013



                                                 Na infância, Caroline Marques costumava subir no sapato de salto da mãe e brincar de desfile de moda. Em 1990, uma tragédia mudou sua vida. Na Rodovia Fernão Dias, um veículo na contramão se chocou contra o carro de sua família. Caroline ficou paraplégica. Desde então, jamais havia passado pela sua cabeça a possibilidade de retomar o antigo sonho de trabalhar como manequim. Até que, em 2007, descobriu uma agência paulistana que recrutava gente com o seu perfil. Depois de embarcar no negócio, figurou em campanhas de empresas como Fiat, Cavalera e Ópera Rock. Hoje, aos 32 anos, faz em média cinco trabalhos por mês para publicidade. "Não existem mais limites para nós, cadeirantes", afirma.

Caroline é uma das 81 contratadas da agência da fotógrafa Kika de Castro, exclusiva para profissionais com algum tipo de deficiência. Com sede no Tatuapé, na Zona Leste, o empreendimento foi criado em 2007, com apenas cinco modelos e muitas críticas. "Diziam que eu estava explorando as pessoas nessa condição", lembra. 

A ideia surgiu quando atuava em um centro de reabilitação produzindo imagens dos pacientes para prontuários médicos. Eles apareciam em trajes íntimos e com placas de identificação. As sessões tinham como efeito colateral piorar ainda mais a autoestima das pessoas. Aconselhada por uma amiga psicóloga, Kika resolveu incrementar as fotos dos laudos para mexer com a vaidade dos retratados. "Levava maquiagem, bijuterias e outras coisas para deixar a produção bonita", conta ela. "Com o resultado, alguns pacientes pediram que eu os ajudasse a ingressar na carreira de modelo."

Os primeiros contratos foram para a recepção de eventos da Petrobras e na F1. A maioria dos candidatos chega hoje por indicação de quem já integra o casting ou procura o serviço depois de consultar sua página na internet. Eles podem receber de 200 a quase 5 mil reais por trabalho. "Temos milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência", afirma a fotógrafa. "Eles agora querem se enxergar também nos comerciais e nas passarelas."

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