Jussara Soares
Caroline é uma das 81 contratadas da agência da fotógrafa Kika de Castro, exclusiva para profissionais com algum tipo de deficiência. Com sede no Tatuapé, na Zona Leste, o empreendimento foi criado em 2007, com apenas cinco modelos e muitas críticas. "Diziam que eu estava explorando as pessoas nessa condição", lembra.
A ideia surgiu quando atuava em um centro de reabilitação produzindo imagens dos pacientes para prontuários médicos. Eles apareciam em trajes íntimos e com placas de identificação. As sessões tinham como efeito colateral piorar ainda mais a autoestima das pessoas. Aconselhada por uma amiga psicóloga, Kika resolveu incrementar as fotos dos laudos para mexer com a vaidade dos retratados. "Levava maquiagem, bijuterias e outras coisas para deixar a produção bonita", conta ela. "Com o resultado, alguns pacientes pediram que eu os ajudasse a ingressar na carreira de modelo."
Os primeiros contratos foram para a recepção de eventos da Petrobras e na F1. A maioria dos candidatos chega hoje por indicação de quem já integra o casting ou procura o serviço depois de consultar sua página na internet. Eles podem receber de 200 a quase 5 mil reais por trabalho. "Temos milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência", afirma a fotógrafa. "Eles agora querem se enxergar também nos comerciais e nas passarelas."
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